segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Bailarina: a profissão

A vida é feita de fases. E para cada fase, existem momentos de escolhas.

Para a grande maioria, o final dos 17/18 anos é a fase da escolha profissional: Como continuar os estudos?  Em que área se profissionalizar? Aquele curso técnico, feito junto com os estudos regulares, deu um norte? Aprender outras línguas?

Qual profissão escolher para o resto de sua vida?

Toda a sua vida...

Uma das mudanças que vemos, da geração de nossos avós para cá (uns 70 anos históricos), é que nada mais é "para sempre". São tempos líquidos, como diria Bauman*. 
Está tudo bem você não permanecer no mesmo local sua vida toda; está tudo bem não se aposentar na empresa em que você entrou como estagiário; está tudo bem mudar de opinião, gostos, ideias, ideais no meio do caminho. 

Sou historiadora de formação. Me especializei em educação especial. Como emprego formal e reconhecido socialmente - veja bem - fui professora, educadora em museus.
A dança, para mim, por um bom tempo foi um hobbie. Ter aquele compromisso, uma vez por semana, comigo mesma. Minha válvula de escape, meu lazer.

Depois, com uns 5 anos dançando, veio a oportunidade de uma renda a mais. Aulas para turmas iniciantes. Um tempinho a mais dedicado aquilo que me fazia bem.

Ai, veio uma especialização em produção cultural. Pensar a dança além dos palcos.

A vida profissional começou a mudar. Problemas com a gerencia e equipe do local em que estava me fizeram refletir o que realmente queria. Resolvi dar uma chance para minha bailarina e juntar meus dois conhecimentos: a licenciatura e o corpo.

Atualmente dedico meu tempo integral as aulas de dança.
É fácil? Não. Temos obstáculos como qualquer profissão. É preciso estudar constantemente, como qualquer profissão. É preciso adquirir e treinar outras habilidades - que antes eu não dava importância -: gestão financeira, gestão de imagem, geração de produtos. Outras, eu pude aproveitar da licenciatura em história: pesquisa, produção de conteúdo, organização de material, preparação das aulas.

Quando não estou em sala de aula ou no palco, separo as horas do meu dia, aquilo que chamamos de horário comercial, para preparar as aulas, pensar em conteúdo, organizar meu material (calendário, lista de chamada, recibos de pagamentos, relatórios de desempenho das alunas, orçamentos com fornecedores...), pesquisar novas músicas, novos movimentos, elaborar coreografias.

Na live sobre machismo** que realizamos pela fanpage do blog, cheguei a comentar o quanto nossa profissão ainda não é reconhecida. Quantas vezes ouvimos: "você só da aula?", "você só dança?"

E quando listamos tudo aquilo que fazemos e paramos para pensar em toda nossa responsabilidade perante o corpo daquele(a)s que são nossos alunos, fica claro para nós o quanto trabalhamos para uma educação não-formal de qualidade!

O quanto nossas tarefas invisíveis para o público são importantes para nossa formação e para nosso desempenho enquanto bons profissionais.

Se por hobbie ou profissão, a dança é uma coisa muito séria!

* Zygmund Bauman, Tempos Líquidos.

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