Quando apresentamos ou falamos de pessoas não é diferente: bonito (a), vaidoso (a), desleixado (a), simpático (a), arrogante (a)...
Você já parou para pensar como falamos das características pessoais quando nos referimos a medidas corporais?
- Ele é magro. Ela é magérrima. Ele é esguio. Ela é longilínea.
Mas quando a pessoa é gorda, usamos um monte de eufemismos:
- Fofinho, gordinho, rechonchudo, plus size...
Por que não usar a palavra gordo? Por que a palavra "gordo" é uma ofensa e "magro", não?
Por puro preconceito! Você já deve ter ouvido sobre gordofobia?
Já ouviu expressões como: "Fazer gordices?", "Gordo sendo gordo!"?
Isso é uma construção social. Nem sempre e nem em todas as culturas taxaram o gordo como algo negativo.
Na época do Renascimento, por exemplo, todas as musas dos pintores tinham formas mais arredondadas, com braços e pernas roliças, com manequins grandes. Eram gordas!
Na Idade Média, ser gordo era uma questão de saúde. Demonstrava opulência e riqueza, em uma sociedade em que o acesso a comida era escasso.
No Hawai, durante muito tempo, o padrão de beleza era ser gordo (beirando a obesidade mórbida - o que trouxe sérios problemas de saúde).
Algumas linhas de pesquisa defendem que o culto a magreza tomou força com o advento da revolução industrial: pessoas magras circulavam mais facilmente pelos ambientes apertados e insalubres das fábricas.
O que precisamos entender é que ser gordo não é sinônimo de doença, assim como ser magro não é de saúde. O peso, isolado, não diz nada sobre sua saúde. É necessário analisar questões genéticas, do metabolismo, padrão alimentar, hormonais, rotina...
O que é preciso se perguntar é: como você se sente em relação ao seu corpo? quais são suas referências quando se trata de estética corporal? como você está se cuidando? o que você está fazendo ou deixando de fazer por conta de seu corpo?
Sou bailarina, meu manequim é 40 (em muitas lojas, 42 já é considerado plus size). Muitos me perguntam: você não tem vergonha de dançar com a barriga de fora?
Minha resposta: Não! Isso é uma questão de figurino, as vezes a dança pede uma roupa mais decotada, as vezes mais fechada.
Em padrões , SEMPRE estive acima do peso. Uma boa parte da minha família também = genética. Faço exames regularmente, não descuido do triglicerides, do colesterol; o que são dados que realmente podem causar algo mais sério = saúde. Deixei de ser uma pessoa sedentária a partir do momento que entrei para a dança; com o tempo comecei a frequentar academias de musculação porque só a dança não estava mais me fornecendo o condicionamento físico saudável. Consequência: perdi medidas mas ganhei e estabilizei o peso. Ganhei massa magra saudável.
Tudo é um processo e só peso e medidas não dizem nada.
Ser gordo (a) não é um adjetivo negativo. Ele é uma forma de estar no mundo. É uma característica, assim como ser alto, baixo, ter uma deficiência, cor da pele, peludo, "pelado, nú, com a mão no bolso!"
Vamos ser mais empáticos com nós mesmos e tirar o preconceito, inclusive, da palavra gordo!
Procure sempre um acompanhamento de bons profissionais na área da saúde: nutricionistas, endocrinologistas, terapeutas e treinadores físicos irão te apoiar na sua relação com seu próprio corpo.
Procure sempre um acompanhamento de bons profissionais na área da saúde: nutricionistas, endocrinologistas, terapeutas e treinadores físicos irão te apoiar na sua relação com seu próprio corpo.
Dicas:
Livro Breve História da Moda, Denise Pollini
Livro Obesidade, Ricardo Cohen e Maria do Rosário Cunha
Vlog Alexandrismos: https://www.youtube.com/channel/UC2LQ5jMieMZjb5k5Gprp2JQ
Artigo: Um peso na alma: o corpo gordo e a mídia. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482004000100004
Artigo: As metamorfoses do gordo: http://www2.uesb.br/labedisco/wp-content/uploads/2013/05/O-corpo-%C3%A9-discurso-n.-21.pdf
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