Ter uma referência, para qualquer atividade que nos propomos realizar, é importante para nos incentivar, é saudável para a nossa formação e é enriquecedor para nossa caminhada; desde que tomemos cuidado com nosso corpo e psiquê, para isso, o autoconhecimento é fundamental.
Uma nutricionista convidada do canal Eu Vejo, no Youtube, ressaltou uma coisa importante: de todas as pessoas que seguimos nas redes sociais, quais são aquelas que realmente se parecem conosco? Muitas vezes nos frustramos com nós mesmos, com nossos corpos e atividades, porque não nos enxergamos em nada nem em ninguém daqueles que seguimos. Tudo e todos são muito diferentes de nós - o que não quer dizer "os certos" - e, por mais que nos espelhemos neles, não nos reconhecemos naquilo.
De fato, esse apontamento fez total sentido para mim: sou brasileira, mestiça, minha família é composta por imigrantes japoneses e italianos. Na prática, não pertenço a lugar nenhum: italianos não me reconhecem, japoneses não me reconhecem e os brasileiros vivem me perguntando de onde eu venho, que língua eu falo, o que costumo comer, ou seja, também não me reconhecem como tal.
Muito raro aparecem na mídia mestiços. E quando isso acontece, parecem bonecas de porcelana: pequenos, magros, de pele alva e olhos puxados. Completamente caricaturados como os italianos espivetados ou os japoneses quietinhos. Tudo o que não sou. Sou atarracada, troncuda, com a pele mais amarelo ocre, meus olhos são levemente puxados, profissional de dança do ventre...
Nunca me vi em meus musos e musas. Demorei a me reconhecer e a construir uma identidade em que me sentisse confortável comigo mesmo.
Isso não quer dizer que estou sempre 100%. Todos temos nossos altos e baixos. E a dança me ajudou muito a entender meu corpo, seus limites e belezas.
Não deixei de seguir ninguém das pessoas que eu admiro enquanto profissionais, enquanto padrões estéticos, incentivadores e formadores de opinião, mas que são completamente alheios a mim. Não deixei de reconhece-los por isso, porém, hoje entendo que é necessário também procurar aqueles que se parecem comigo (que também são meus musos profissionais, estéticos e formadores rsrs), que tem uma história de vida parecida, que estão na caminhada, como eu. Isso torna a coisa mais leve e fácil.
No meio da dança é muito comum ouvir coisas do tipo: padrão de mercado, padrão estético.
Concordo que é necessário assegurar a qualidade do profissional e do serviço prestado; aprimorar nosso conhecimento e cuidar do nosso corpo - que no caso é instrumento de trabalho - é fundamental. Contudo, faz-se necessário nos perguntar sempre: como me sinto em relação a isso? Preciso disso? Quero isso? O sacrifício é necessário? É um objetivo alcançável? Qual o plano B? Como está meu tempo e meu planejamento para isso? Com quem posso contar nessa jornada?
Cuidar de nós mesmos é sempre nosso melhor presente para nós e para aqueles que estão conosco.
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